…Os processos de residências artísticas, na era do
contemporâneo, propiciam a reconquista da experiência em que a permanência e a duração são
incentivos pretendidos.
Numa época em que as tarefas, desempenhos e situações se
concatenam (quase sem intervalos de pensamento), na exigência de respostas
quase imediatas, demora e decorrência são privilégios para os rtistas e demais
operadores culturais.
A conceção, criação e produção de obras foi desenvolvida
durante a permanência de 15 artistas, consolidando o projeto que foi
localizado, pela segunda vez, na Fábrica de Cerâmica PP & A - S.
Bernardo, Alcobaça.
Em 2010/2011, sob impulso de Graça Pereira Coutinho
concretizou-se a primeira etapa deste processo, que abarcou 6 artistas e culimou na exposição
“Poder do Fazer” no Museu Nacional do Azulejo em Lisboa, patente entre janeiro e setembro de 2013.
Em 2014, reuniu-se um grupo de artistas portugueses e
brasileiros, procedendo de diferentes contextos e formações, “chegados” de viagens
transatlânticas ou deslocando-se de cidades portuguesas. Tal confluência proporcionou contextos inesperados de
experiência e pensamento; promoveu diálogos e confrontos; impulsionou novas articulações poiéticas e
concetuais. Associou-se técnica e criatividade, refletindo intencionalidades e decisões diferentes, por
parte dos artistas e dos outros protagonistas que os visitaram durante as estadias.
As residências iniciaram-se em abril do corrente ano,
prolongaram-se até inícios de agosto e, ainda nalguns casos, entraram pela
primeira quinzena de setembro. Os grupos, em permanência na Fábrica, organizaram-se
na presença simultânea de 3 ou 4 artistas aos quais, com frequência, se
associavam mais um e outro.
Dentro da fábrica, a condição de “sedentarismo” para os
artistas que são “nómadas eventuais”, o contato com as matérias e a
disponibilização de instrumentos e equipamentos especializados, conduziu
desafios e efetivou situações, sob desígnio de superação pessoal, quando vivida
numa “comunidade” de ideais, atuações e criações.
Às caraterísticas manifestas de uma “estética industrial”,
acresceu a reverberação simbólica do património arquitétónico e a histórica
qualificação técnica dos funcionários especialistas que, em boa cumplicidade,
colaboraram com os artistas, sempre que possível.
O entusiasmo, o detalhe e o perfecionismo evidenciaram-se em
cada momento, num apoio significativo que viabilizou peças magníficas e
inovadoras. As abordagens desenvolvidas são já denotativas de estratégias e
procedimentos adequados, por cada artista pensado e decidido, tendo cumprido as
suas propostas plásticas e desígnios estéticos.
Em abril passado, realizou-se no Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto) a apresentação do programa de residências, na mesa-redonda em
que participaram:
Paulo Cunha e Silva (Vereador de Cultura CMP),
Maria João Vasconcelos (Diretora MNSR), Arqtº Manuel da Bernarda (Fábrica PP & A - S. Bernardo), Dr. Alberto Guerreiro (Museu Cerâmica); Dr. Leonel Rosa
(ADEPA), os artistas Carolina Paz (BRA) e Albuquerque Mendes (PRT) e Maria de Fátima Lambert, curadora do programa.
As obras realizadas durante a residência – numa profusão que
ultrapassou qualquer expetativa – apresentam-se, agora, na exposição coletiva
patente no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto).
Numa geografia onde a água e a terra propiciaram – desde
tempo e memórias longínquos – a dimensão alquímica da cerâmica, o
desenvolvimento das residências dos 15 artistas portugueses e brasileiros,
adquiriu consistência e interesse acrescidos, prevendo-se que “alastre”
futuramente.
Maria de Fátima Lambert
Fábrica de Cerâmica PP&A [S. Bernardo ] – Alcobaça
Museu Nacional de Soares dos Reis [MNSR] - Porto
residências artísticas de cerâmica contemporânea
exposição das obras produzidas no MNSR
inauguração a 2 outubro 2014
ARTISTAS :
Albuquerque Mendes, Beatriz Horta Correia, Bela Silva, Catarina Branco, Graça Pereira Coutinho, Isaque, Jorge Abade, Luís Nobre, Maria Pia Oliveira, Sofia Castro, Susana Piteira, | Portugal
Carolina Paz, Estela Sokol, Fábio Carvalho, Gabriela Machado | Brasil
CURADORIA – Maria de Fátima Lambert
Bibli. Press release da exposição
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