terça-feira, 9 de maio de 2017

ALBUQUERQUE MENDES " Jugglers - Problemas e insolvência "

 Galeria Graça Brandão de 12 de maio a 30 de junho

Estas pessoas, estas raríssimas e bem-aventuradas pessoas, conservam um olhar virgem, puro, aberto. Porque desocupado, o olhar está em condições de ver, de usufruir, de possuir, de criar. Talvez a força (da obra) do Albuquerque resida nisto mesmo. Talvez por isso mesmo ele consiga transformar as banalidades do quotidiano num ritual de permanente reencontro com a beleza.
 Armando Azevedo, 1979

Jugglers - Problemas e Insolvência
Estamos numa sala vazia com um foco de luza iluminar o centro. Um homem, desenha a linha que limita esse espaço. Fica uma pintura. Com esta exposição de Albuquerque Mendes (Trancoso, 1953), torna-se perceptível o percurso iconográfico obsessivo do artista. A performance é evocada como pintura.
Tudo aqui se condensa numa oferenda pictural, em que o corpo de artista se confunde com o próprio corpo da obra, verso e reverso.
Caras, fantasmas das passagens dos mundos em que tudo é possível e tudo deve ter uma resposta. A questão serve para resolver os enigmas dos equilibristas e dos malabaristas. O palco é o retrato. Afinal, é só uma cara pintada de branco com o pó das estrelas.
A leveza afirma-se pelo sugestivo amargo da pintura no horizonte geométrico das grades.
Na tela habitam essas lembranças, profanas.

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quinta-feira, 4 de maio de 2017

MAPA DAS ARTES - 2ª edição

 DIA 4 MAIO | 18H30



LISBOA VAI TER UM MAPA DA ARTE CONTEMPORÂNEA PARA 2017




Gratuito, bilingue, em papel e formato digital, com cerca de 100 espaços sinalizados, todos eles relacionados com o melhor da arte contemporânea em Lisboa. No dia 4 de maio, a Galeria Millennium, na Rua Augusta, vai ser palco da apresentação ao público da segunda edição do MAPA DAS ARTES, organizado pela ‘Isto não é um cachimbo. Associação’ e com o apoio mecenático da Fundação Millennium bcp.



A 2ª edição deste mapa da arte contemporânea de Lisboa apresenta um novo grafismo com melhorias para a sua utilização. Anual, gratuito e bilingue (português e inglês), o MAPA DAS ARTES identifica geograficamente e apresenta os inúmeros espaços expositivos de arte contemporânea, com programação regular da cidade de Lisboa. Organizados em três categorias diferentes, estão, assim, mapeados 53 Galerias, 17 Museus e Fundações, e 29 outros espaços, bem reveladores da dinâmica cultural e eclética da cidade. Cerca de cem espaços que, de forma prática e de fácil utilização, se tornam mais acessíveis aos diferentes públicos, aproximando uns e outros e contribuindo para uma cada vez maior sensibilização, conhecimento e sentido crítico com e para a Arte Contemporânea, nesta Lisboa cada vez mais cosmopolita e criativa. O MAPA DAS ARTES será disponibilizado em formato papel e digital (www.mapadasartes.pt )e conta com a parceria na divulgação e distribuição da Câmara Municipal, através da Rede Interna Municipal, e do Turismo de Lisboa, através dos postos de Turismo da Grande Lisboa (Lisboa, Sintra e Cascais). O MAPA DAS ARTES é organizado pela ‘Isto não é um Cachimbo’, associação cultural sem fins lucrativos, e conta com o apoio da Fundação Millennium bcp no triénio 2016-2019. A atividade da Fundação, inserida no contexto das políticas de solidariedade social e de mecenato cultural institucional, assume-se como agente de criação de valor na sociedade, nas diversas áreas da sua intervenção. Neste sentido, tem procurado, ao longo do tempo, concentrar os seus recursos no apoio a instituições e organismos de referência e a projetos que apresentem orientação para o acréscimo de eficácia a longo prazo.

Bibli. Press release do evento

quarta-feira, 19 de abril de 2017

“PAISAGEM” - patente na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) até ao dia 6 de Maio, todos os dias úteis, das 12h00 às 19h00 e aos sábados das 14h00 às 20h00.

A exposição colectiva de desenho, fotografia, instalação, pintura e vídeo “PAISAGEM” , promovida pela SNBA e a Associação Castelo d’If, com organização de Hilda Frias, Patrícia Nazaré Barbosa e Pedro Almeida é inaugurada no próximo dia 20 de Abril, quinta-feira, às 18h30, na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), na Rua Barata Salgueiro, 36, 1250-044 LISBOA.

A PAISAGEM
(a temática)

Recorremos a excertos da palestra ´´A Paisagem``. Introdução a uma gramática do ´´espaço`` do Professor Doutor Álvaro Campelo (proferida na aula inaugural do Curso de Doutoramento em Estudos da Paisagem Departamento de Geografia da Universidade do Minho, 2012) como ancoradouros para o entendimento de um conceito tão abrangente e polissémico como o é o de 'Paisagem'. A sua dissertação aborda distintas camadas conceptuais sublinhando como aquilo que é natural e o que é cultural estão indissociavelmente ligados pelo sujeito humano, central à experiência, vivência e representação da Paisagem.
“Quando olhamos para a etimologia da palavra “paisagem” temos duas versões, a das línguas latinas (paysage, paisaje, paisagem...) e a das germânicas (landschaft, landscape...). O radical “pag” de onde deriva “pagus”, leva ao sentido de limite fixado na terra, ligado à terra, o que habita a terra, de onde sairá depois o de uma organização rural, uma região ou país (Houaiss 2002). Por sua vez, a raiz germânica “land”, regista o sentido do espaço aberto, que depois opõe o campo (rural) à cidade e que, também, acabará por designar um território administrativo ou região.”
“Poder-se ia dizer que o conceito de paisagem natural não existe (Sauer 1963), pois desde que a paisagem é percebida e interpretada pelo homem, na relação que estabelece com ela, passa a ser uma paisagem cultural. O próprio conceito de paisagem é, no ocidente e desde o renascimento, cultural.”
“No século XVI, o termo paisagem aparece como referência a um “cenário” a olhar e a fixar na tela do pintor. (…) É neste momento, século XVI, que ao conceito de “cenário” ou “área”, no sentido de “enquadramento”, aposto à paisagem, surge associado o conceito de “estética” na “beleza da paisagem” (…) A paisagem vive da capacidade de ser abarcável pelo olhar, composta de frames enquadrados e demarcados por uma leitura que sintetiza a complexidade e variedade que integra esse enquadramento. “
“A experiência estética da paisagem está na origem das sensações e sentimentos do fruidor da paisagem. Esta experiência estética sobre a configuração de uma determinada superfície do globo (Humbolt 1884) vive do olhar, como já anteriormente referimos, e do viver essa configuração. Apesar de determinadas configurações reproduzirem ideias de beleza consensualmente estabelecidos ou surpreenderem pela novidade e excecionalidade, a maior parte delas são configurações que estão estabelecidas - fixadas – na organização cognitiva dos seus praticantes, onde a fruição passa pela aquisição de uma familiaridade na forma e no uso. Ou seja, aquilo que de facto ela é : uma configuração cultural.”
“Mais ainda, a paisagem cultural despoleta a memória da sua prática. As vivências continuadas de um determinado espaço são percebidas e interpretadas pelos seus praticantes ao longo do tempo.”
“A paisagem como “texto” inscreve-se num território, por sua vez veiculado a uma região, mas interpretado num lugar concreto, que por o ser, se transforma em espaço de sentido.”
“A paisagem afirma-se como um processo de informação, que implica códigos, percepções, de forma a fornecer uma mensagem, tanto para os olhos como para a mente, num espaço cultural particular, em que os elementos físicos, biológicos, culturais e estéticos que a compõem, assumem particular significado no tempo em que a paisagem é experiencial e comunicativa, transformando-se em con(texto).”



A EXPOSIÇÃO

​A escolha do conceito de Paisagem para o título da exposição deriva, portanto, de pontos de contacto que a Associação reconhece ter, com esta perspectiva da paisagem enquanto paisagem cultural. O mapeamento e a organização logística efetuados em torno das 'AAA', integram a geografia e toponímia da cidade de Lisboa com a referenciação de uma 'cidade cultural', implícita na actividade criativa dos artistas e dos espaços de atelier.     O ritmo anual e consecutivo deste evento permite registar e observar os movimentos desse tecido humano sobre o território, cuja memórias e registos vão constituindo um corpo de conhecimento e de entendimento das respectivas complexidades morfológicas e culturais. Esse 'observatório', sob a forma de um roteiro temporário, convida à vivência e à interpretação que, na fruição subjectiva de cada um, contextualiza a cidade e cada um dos espaços referenciados.     Durante os três dias de abertura, o visitante flâneur que escolhe os ateliers, define um trajeto que é percorrido através das ruas, das avenidas, das praças e das travessas dos bairros da cidade. Ao mesmo tempo que desenha um percurso, estende o 'olhar' a diferentes territórios e escalas - da cidade à rua, do espaço intimista do atelier à entourage local do edifício, do diálogo com o artista à contemplação da obra - construindo as suas próprias paisagens.     O espaço urbanístico onde o atelier se insere (o fora) complementa-se com a visita (o dentro). A contemplação circula entre dentro e fora, à medida que o visitante experiencia o espaço vivo do ateliê, acedendo a outros estratos da paisagem: aqueles através dos quais o artista se deixa olhar - desde a organização de espaço, utensílios e materiais, ao modo como o habita, à narrativa pessoal do seu discurso e da sua biografia - e, claro, à arte, que é o seu olhar emergente em cada obra, correspondendo-se com quem a frui.

Bibli. Press release da exposição

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

HUGO CANOILAS. "DEBAIXO DO VULCÃO" - MNAC/ SONAE ART CYCLES - Segunda Edição 2016-11-252017-03-26


Curadoria: EMÍLIA TAVARES

Debaixo do Vulcão  é um projeto artístico onde Hugo Canoilas tenta criar um espaço entre a ideia de filme e exposição  através de uma série de intervenções dentro e fora do Museu. Concebidas de modo a problematizar noções várias de exposição, espaço institucional e intervenção pública, os vários fragmentos, que resultarão deste processo de intervenção, de Julho a Novembro de 2016, serão depois reunidos no MNAC-Museu do Chiado a partir de 25 de Novembro enquanto dispositivo expositivo, onde a sua integração com uma série de outros elementos propõe um repensar da experiência contemporânea de noções de espaço, tempo e recepção.
Explorando Debaixo do Vulcão, o romance de Malcolm Lowry, e a transcrição da gravação de uma sessão de psicanálise invulgar referida por Jean Paul Sartre com Endless Killing (2008), uma obra anterior sua, Canoilas articula a experiência que tem da noção de filme com a sua reflexão de longa data sobre BLOCO - Experiências in COSMOCOCA ‘programa in progress’ (1973-74), uma série de trabalhos de Hélio Oiticica e Neville de Almeida. Esta justaposição de referências, conceitos e fragmentos de ideias expõe um conjunto de processos que constituem a sua obra heterogénea. Canoilas tece assim considerações sobre som, pintura, texto, vídeo, performance e fotografia e o modo como estes operam desde a criação ao empoderamento do espectador como agente sensível e crítico.
Este repensar do formato exposição capaz de reunir uma heterogeneidade de elementos pretende criar um ambiente que faz exigências ao raciocínio, memórias e corpos do espectador de modo a que o projeto se reconfigure como um movimento espiral onde a repetição contínua de variados elementos  ativa breves memórias e pequenas percepções. 

Mais informações em MNAC



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MOLDURAS : Vasco Araújo - POTESTAD -

MOLDURAS : Vasco Araújo - POTESTAD -: Nove vídeos de Vasco Araújo no Museu Nacional em Brasília O Museu Nacional da República em Brasília recebe, a partir de 7 de fevere...

Vasco Araújo - POTESTAD -

Nove vídeos de Vasco Araújo no Museu Nacional em Brasília




O Museu Nacional da República em Brasília recebe, a partir de 7 de fevereiro, Potestad, uma mostra que reúne nove vídeos do português Vasco Araújo realizados entre 2001 e 2014. Selecionados por Maria João Machado, curadora da exposição, os vídeos têm como premissa os “relatos de poder”, temática central no trabalho do artista. As obras cruzam referências contemporâneas com as grandes narrativas e temáticas da cultura clássica e promovem uma reflexão sobre questões políticas universais. “É a primeira vez que os vídeos são apresentados todos juntos num contexto museístico”, afirma a curadora. 

Na abertura da sua mostra individual (7/2), Araújo dará uma conferência sobre o seu trabalho às 19h30. O artista será apresentado e acompanhado por Wagner Barja, curador do Museu Nacional da República. Será exibido ainda seu último projeto em vídeo, La Schiava, inspirado na ópera Aída de Giuseppe Verdi (2015).

“Trabalhando em distintos suportes como a escultura, o vídeo, a fotografia e a performance, Vasco Araújo tem estruturado o seu discurso numa particular forma de desconstruir e reconstruir os códigos de comportamento”, destaca Maria João. Em cada trabalho, segundo ela, redescobre a relação do sujeito com o mundo.  “Os jogos de poder, a competência do corpo, da voz (a do próprio artista, que pratica canto lírico), a gestualidade, a linguagem e as formas sociais estabelecidas são repensadas por meio de uma poética da representação”, completa. 

“É atualmente um dos artistas mais relevantes no contexto da arte comtemporânea internacional. As suas obras fazem parte de acervos e coleções importantes em todo mundo. O seu regresso ao Brasil, desta vez no Museu Nacional da República será, sem dúvida, uma excelente oportunidade para o público conhecer Vasco Araújo e testemunhar a criatividade tão singular do seu trabalho”, destaca João Pignatelli, Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal no Brasil.

Com um amplo suporte na Literatura e na Filosofia, o artista expõe criticamente o olhar do outro, a ambiguidade das relações, a fragilidade dos sistemas, a construção do real, a identidade e a sexualidade, a virtude da moral e do dever, a geografia dos afetos, as pulsões do desejo e da paixão.  “Nas várias obras de Araújo, os diálogos ganham lugar através da multiplicação de identidades, que partem de uma só voz, numa aguda viagem interior”, ressalta a curadora. Neste sentido, de acordo com ela, o artista convoca dispositivos formais associados à ópera, ao Barroco, à etiqueta palaciana, ao Modernismo e à mitologia e define, deste modo, um espaço próprio estético e discursivo.


Sobre o artista
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Nascido em Lisboa, em 1975, Vasco Araújo licenciou-se em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, frequentou o Curso Avançado de Artes Plásticas da escola Maumaus, também na capital.
Desde então tem participado em diversas exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro, integrando ainda programas de residências artísticas, como Récollets (2005), em Paris, e Core Program (2003/04), em Houston.
Em 2003, recebeu o Prémio EDP Novos Artistas atribuído pela Fundação EDP.
Das exposições individuais destacam-se "Debret", apresentada em Lisboa e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2013), "Mais que a vida", Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, "Eco", no Jeu de Paume, em Paris (2008), "Vasco Araújo: Per-Versions", the Boston Center for the Arts, em Boston (2008), "Dilema" (2004), Museu de Serralves, no Porto.