terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O TEMPO E O MODO, PARA UM RETRATO DA POBREZA EM PORTUGAL

Pavilhão 31

De 16 Janeiro a 27 de Janeiro 2015

http://planogeometrico.com/OTEMPOEOMODO/

NELSON D AIRES serie EROSAO
O TEMPO E O MODO é uma proposta de investigação e de criação, através de documentação escrita, impressa, fotográfica e de uma série de novos trabalhos artísticos, sobre a Pobreza em Portugal, sendo o resultado de toda esta pesquisa documental e visual apresentada numa exposição e registada num livro.

projeto de  PAULO MENDES e EMÍLIA TAVARES   

contribuições de AUGUSTO BRÁZIO, NELSON D’AIRES, PAULO PIMENTA, PEDRO VENTURA e VALTER VINAGRE

investigação de FREDERICO AGÓAS, JOSÉ NEVES e RITA SÁ MARQUES

seminário : POLÍTICA, AUSTERIDADE E EMANCIPAÇÃO: A METRÓPOLE EM TEMPOS
DE CRISE

organizado por UNIPOP

com a presença de ANTONIO NEGRI, ANTÓNIO B. GUTERRES, EDUARDO ASCENSÃO, INÊS GALVÃO, JUDITH REVEL, NUNO RODRIGUES, NUNO SERRA e
OTÁVIO RAPOSO

JOAO TABARRA_video


O TEMPO E O MODO,
PARA UM RETRATO DA POBREZA EM PORTUGAL 

Indicadores económicos recentes revelam que, em Portugal, pela primeira vez desde a década de 90 do século XX, o nível de pobreza aumentou. Segundo dados recentes avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de pobreza é de 18,7% - afecta mais de dois milhões de pessoas. Segundo o INE, um quarto (24,7%) da população está em risco de pobreza. Olhando para estes segmentos da população, há conclusões inultrapassáveis que ressaltam destes números: os menores de 18 anos, as famílias com filhos a seu cargo e os desempregados são os mais afectados. São grupos sociais frágeis que estão mais expostos, e sobre os quais a iminência das ondas de choque sociais são mais violentas.

A pobreza foi uma das condições sociais que mais foi combatida, em todos os quadrantes políticos dos regimes democráticos, num espírito de solidariedade social mínima visando erradicar a exclusão económica num estado de prosperidade. O denominador comum do discurso e acções políticas, teve um rosto público bem identificado: ‘Estado Social’, que uns defendem como sistema de erradicação das exclusões (económica, social e cultural), e outros rejeitam argumentando com a sua insustentabilidade económica.

O ultraliberalismo e o pós-capitalismo selvagens tornaram de novo a pobreza um assunto presente, em sociedades e países desenvolvidos, duma forma que se torna a cada dia demasiado evidente. De forma abrupta, a pobreza, e por arrastamento a exclusão social, não é um índice que já só interessa aos países sub-desenvolvidos ou em desenvolvimento, mas que grassa na Europa, no nosso quotidiano e em sociedades que julgávamos ao abrigo da mesma.
Esta é, sem dúvida, uma das mais perigosas ameaças à estabilidade social e política com que a Europa e o mundo se defrontam, já que a pobreza tem funcionado, ao longo da história, como um dos principais responsáveis por conjunturas de totalitarismo e de maior injustiça social.
No final dos anos setenta assistimos em Portugal à falência das utopias pós-revolucionárias e à integração europeia que prometeu um país económica e socialmente próximo dos estabilizados padrões europeus. Seguiu-se a desregulação dos apoios da comunidade europeia e a progressão da corrupção num regime de impunidade jurídica e política.

A crise do sistema financeiro internacional, que teve o seu início em 2008, acarretou consequências brutais para as economias europeias mais débeis, arrastando países como a Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal para um retrocesso da qualidade de vida sem igual, uma perda inimaginável há alguns anos atrás. Abruptamente deu-se o regresso a padrões sociais de há vinte ou trinta anos. Os sistemas económicos liberais aproveitam para efectuar uma “purga” nas concessões ou conquistas, conforme o ponto de vista, ao movimento operário. O que levou décadas a materializar perdeu-se num ápice, tendo a crise como escudo protector. Por isso mesmo, o pensamento cultural e artístico deve contribuir para uma reflexão e observação do estado da Pobreza, analisando a sua evolução histórica, de forma a permitir um entendimento esclarecido e crítico da mesma, que seja útil à sociedade e aos cidadãos.

Este projecto tem como principal objectivo contribuir para uma reflexão e visão histórica das formas de pobreza, desde o século XIX até à actualidade, nas suas mais variadas facetas. Julgamos por isso ser fulcral criar um panorama visual e documental da Pobreza na sociedade portuguesa, que compreenda as questões sociológicas, antropológicas, políticas, filosóficas e estéticas, articulando-as num projecto que seja uma reflexão crítica sobre estes problemas.
Esse panorama quer estar fundamentado nas grandes áreas de estudo e pensamento sobre a Pobreza, mas quer também que seja de leitura acessível e clara a todos os cidadãos, constituindo matéria de reflexão pública, assim como um espaço que abra perspectivas de acção e combate à Pobreza, numa proposta clara de pensamento como intervenção.

Emília Tavares e Paulo Mendes, 2014




SOBRE O PROJECTO

O TEMPO E O MODO, baseia-se na revista que foi criada em 1963 e foi editada até 1977.
Tratava-se de uma revista com um pensamento transversal do ponto de vista político – local de discussão e polémicas – formada por católicos progressistas, que foi sofrendo uma viragem política ao longo das décadas, numa relação orgânica com a realidade que havia mudado na sequência dos acontecimentos do 25 de Abril, e onde participaram activistas que viriam a ser futuros governantes, membros do Partido Socialista, católicos e radicais de esquerda.
Na lista de directores e colaboradores estão nomes tão diversos como: António Alçada Baptista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Vasco Pulido Valente, Jorge Sampaio, Mário Soares, José-Augusto França, Mário Dionísio, Arnaldo Matos, Fernando Pernes, Luís Miguel Cintra ou João César Monteiro, entre muitos outros.

Este projecto reivindica um papel de reflexão e intervenção da cultura na realidade social e política do país. Um pensamento afirmativo, elaborado em parceria entre a palavra e a imagem, recuperando a memória iconográfica e escrita, para pensar um presente precário, que está a deixar marcas indeléveis em várias gerações. 

Bibli. Press release da exposição

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