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Esta exposição constitui a primeira antológica dedicada à
obra de Pires Vieira. Face ao volume de “obra” existente, à surpreendente
consistência do percurso realizado, com articulações e interpelações que
perpassam décadas e fases, foi criada uma parceria entre o MNAC e a Fundação
Carmona e Costa, por forma a contemplar uma visão de conjunto do percurso
criativo deste artista. Assim, no MNAC apresenta-se uma selecção de obras
produzidas desde finais de 1960 até ao início deste século XXI, e na FCC
expõe-se grande parte da obra em papel, nas suas inúmeras variantes, igualmente
desde finais dos anos 60, até à actualidade.
Tendo em conta que a cronologia não é um factor decisivo em
Pires Vieira - o chronos(tempo) é explorado pelo logos (estudo) - toda a sua
obra é desenvolvida num permanente devir dialético. As próprias referências
artísticas de Pires Vieira revelam essa relação aberta entre distintos períodos
históricos. O artista estabelece uma relação de interesse com Cézanne, Matisse,
Rothko, Ad Reinhardt e o minimalismo americano, o espacialismo italiano, o
expressionismo abstracto, entre outros, assumindo-os como fontes no seu caminho
de pesquisa e experimentação.
Autor de uma extensa obra conceptual no domínio da pintura,
o trabalho de Pires Vieira, centra-se na exploração da cor e do suporte, por
via da “desconstrução” da pintura, do processo de desmaterialização e da
conquista da tridimensionalidade. Com recorrente prática da mimetização,
variação e seriação, desenvolve uma atitude crítica e de crescente reflexão
sobre a essência da arte na vertente da pintura.
Pires Vieira afirma-se no contexto da arte portuguesa como
um caso singular, com identidade própria, que não é fácil categorizar e exige
de quem interpreta o seu trabalho uma estrutura alargada de conhecimento, face
ao carácter idiossincrático da sua obra.
O facto de ter assumido uma postura liberta de convenções e de ter
procurado manter-se independente dos preceitos estabelecidos no “meio das artes”,
contribuiu para um desconhecimento da sua obra que pode agora ser colmatado.
Adelaide Ginga, curadora
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Bibli. Press release da exposição
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